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Um olhar sobre 18 marcas nos 30 anos de carreira de Carlos Coelho e Paulo RochaA abrir e a fechar a exposição estão duas óbvias interpretações de marcas criadas e trabalhadas por Carlos Coelho e Paulo Rocha nestas últimas três décadas. Na primeira sala destaca-se uma obra a encarnado dos CTT com um cavalo cheio de energia que arrasta dezenas de pacotes com pequenos selos. Já no fim da exposição, no jardim de Inverno, encontra-se o retrato do fundador da Delta. Sob a sarapilheira de sacos que transportaram café Delta, foi pintado o criador da marca, Rui Nabeiro. “O senhor Nabeiro é absolutamente incontornável”, reconhece Carolina Piteira.
A artista, a viver em Londres, aceitou há mais de um ano o desafio dos fundadores da Ivity para olhar para 18 marcas icónicas criadas pela dupla de designers. O resultado está patente na exposição As Artes e As Marcas até 20 de Janeiro, no espaço Fidelidade Chiado 8 (Lisboa). O pretexto são os 30 anos de carreira da dupla que, em 1995, fundou a Novodesign e que, em 2000, deu lugar à Brandia. Em 2007 abriram a Ivity.
A inauguração da exposição, esta terça-feira ao final da tarde, será palco de homenagem ao fundador da Delta, Rui Nabeiro. É, aliás, com a Delta que a dupla mantém uma relação de trabalho mais longa, transversal às agências por onde passaram. “Foi há mais de 20 anos. Já não sei se foi a propósito da Expo 98, mas começamos uns anos antes. Há aqui, na exposição, um tributo ao senhor Rui, até em nome da família. Acabei por ter mais contacto com o filho Rui Manuel do que com o senhor Rui, mas conheço a intimidade marketiana dele. Ele é um homem com visão de marca, uma relação que muitas empresas ainda não perceberam, que é o goodwill que o quadrante social acrescenta no quadrante funcional da marca. O café sabe melhor por causa dessa parte. Os portugueses defendem a marca por causa disso, independente do lote. O café sabe-nos à forma de estar da empresa”, considera Carlos Coelho, em conversa com o M&P.
Na exposição encontra-se a visão de Carolina Piteira sobre a TAP e da Sata, a partir do ar, e das telecomunicações da RTP. O laranja e a energia da Galp deram lugar a um ambiente frio e industrial da refinaria de Sines, enquanto o embondeiro do banco BIC desdobrou-se em quatro peças que interpretam a mitologia da árvore identitária de Angola. A Sonae, que teve a identidade corporativa criada pela Ivity, estende-se por um mapa mundi. As receitas da venda das obras em torno das 18 marcas revertem a favor da recém-criada associação Portugal Genial, que vai apoiar projectos que, pela arte, contribuam para uma economia mais criativa